Mídias Digitais x Tradicionais nas eleições 2018
Como o candidato com apenas 8 segundos de TV tem levado vantagem sobre os 44% do horário eleitoral do adversário?
Desde que a democracia se estabeleceu e ofereceu o direito ao voto direto após a ditadura militar em 1989, os aspirantes a governantes utilizam-se de estratégias bastante parecidas para a tentativa de se elegerem.
Antes do início das campanhas, a disputa é pelo apoio de partidos com uma base razoável de deputados na busca pelo maior tempo possível no horário eleitoral. Onde apresentarão suas propostas aos eleitores durante o período da campanha eleitoral.
Porém, no decorrer dos últimos 10 anos, as mídias digitais chegaram ao coração da política e passaram a concorrer diretamente com as caríssimas – e não tão democráticas assim – mídias tradicionais, especialmente porque nessas plataformas o período de atuação dos candidatos pode começar muito antes da campanha.
Mas como isso começou a acontecer?
A democratização do acesso à internet
Observando as taxas de acesso à internet no Brasil é claro o crescimento do número de usuários no Facebook, Twitter, Instagram e WhatsApp. Uma pesquisa da Ipsos e Fecomércio-RJ em 2016 mostrou que 70% dos brasileiros já possuiam acesso à internet. Desse total, 69% afirmou que usava o smartphone como principal meio de acesso à rede. Além disso, mais de 90% dos entrevistados declarou, na pesquisa, que acessar as redes sociais é seu principal intuito quando entram na internet. De acordo com informações publicadas pelo colunista Nilson Teixeira, o número de contas de Whatsapp e Facebook mais que dobrou desde 2013.
Fake News
Com esse acesso facilitado, veio junto a facilidade da propagação das agora conhecidas como Fake News. Esses são conteúdos produzidos por equipes de campanha de candidatos contra os seus adversários.
Engana-se quem pensa que as fake news são plantadas apenas por usuários militantes de determinados candidatos postando mentiras sem um objetivo. Já existem empresas especialistas no desenvolvimento desse tipo de conteúdo como ferramenta oficial de campanha. De fato, isso pode ser extremamente estratégico e eficaz, apesar de antiético e ilegal.
Investimento baixo e alcance alto
Nessas eleições especialmente, as redes sociais têm sido o carro-chefe da campanha de muitos candidatos. Filiados a partidos menores e muitas vezes com poucos recursos para investir em campanha, investem em posts patrocinados. Ação que foi aprovada pelo Congresso na reforma eleitoral de 2017. Ela permite que conteúdos publicados por candidatos ou partidos em anos de eleição alcancem mais eleitores. Ainda que não sejam seus seguidores nas redes sociais através de segmentação de público.
O líder nas pesquisas conta com 6,9 milhões de curtidas na Fanpage. Apenas 8 segundos de TV. Enquanto isso, seu opositor, com 44% do tempo de campanha tradicional conta com 1,1 milhão de seguidores. Porém, não se mostra uma ameaça na corrida presidencial. Isso reforça que o poder das redes sociais como está se sobrepondo às propagandas de rádio e TV.
Ainda que o cidadão acompanhe os debates televisivos e muitos ainda se permitam influenciar por pesquisas de amostra que nem sempre refletem com precisão as intenções de voto. Muitos eleitores ainda deixam de votar em seus candidatos porque as pesquisam dizem que ele não tem chances. O cidadão percebe que seus contatos estão se manifestando em seu feed e é estimulado a se posicionar também. O que abre espaço para discussões nem sempre saudáveis. Assim, gera-se uma disputa ainda maior entre os candidatos pela atenção do eleitor.
O que vivemos hoje, é um marco social, político e tecnológico. Estamos observando ao vivo como as mídias digitais são ferramentas poderosas de engajamento política e alimentação da democracia.