O boom do empreendedorismo e suas armadilhas

Tenho acompanhado bem de perto os diversos fatores que justificam as iniciativas ao empreendedorismo. São questões óbvias e que refletem o ritmo de mudança dos conceitos de realização profissional, panorama econômico e questões subjetivas e comportamentais. De fato, todos estão cansados de se desgastar em objetivos de carreira que não fazem sentido real ou agregam valor em nossas vidas. Não que empreender seja um mundo colorido, mas pelo menos o esforço premia exclusivamente o proprietário da empresa, ou seja, você.

Não há receita de bolo para o sucesso empresarial porque as empresas e seus gestores são diferentes em suas dinâmicas de gestão. Se até franqueados com regras rígidas de uniformidade obtém resultados diferentes, ler os textos dos gurus da gestão administrativo-financeira pode não se encaixar no seu perfil gerencial ou natureza e conceito de negócio.

Então, o que fazer?

Não sou nenhum guru famoso em gestão empresarial, mas nestes 20 e poucos anos de estrada vi que uma base mínima e óbvia garante um caminho mais seguro, que te ajuda a entender até onde você pode alcançar com esforço financeiro próprio e até quantas incertezas seu fluxo de caixa suporta. Esta base se cria no conhecimento histórico das operações do próprio fluxo de caixa, um controle de registro que pode ser feito em uma planilha de Excel ou através de um ERP, que estão cada vez mais baratos (há opções gratuitas).

Se você abriu a sua empresa agora e não tem histórico de lançamentos, simule estimando os valores em uma ferramenta de projeções financeiras como as usuais dos Planos de Negócio.

Existindo este controle e uma série histórica de pelo menos um ano, fica fácil estimar o próximo ano. Calibrando com projeções de variação na Receita e na despesa, cria-se um item de avaliação importante da gestão financeira, o Realizado X Orçado, onde em cada fechamento mensal avalia-se o porquê dos desvios nesta relação. Ou seja, se um saldo cresceu ou diminuiu o que motivara tal desvio? Com o passar do tempo, esta ferramenta será a base para montar o orçamento do próximo ano.

Bem-vindos ao Digital

Os empreendedores aos quais dou suporte não estão atentos à área financeira e, ao questioná-los o porquê disso, as resposta são variadas. Mas a maioria declara não ter afinidade e/ou habilidade com números e falta de visão sistêmica do fluxo de caixa. Muitos deles, inclusive, não utilizam os recursos do internet banking como envio de arquivos, retorno de pagamentos, boletos DDA, etc. Ou seja, ainda estão no mundo analógico onde pagam e recebem em dinheiro, misturam as entidades pessoa física e jurídica e esquecem de compromissos fiscais e com fornecedores. Estes empreendedores são pessoas super sagazes e experientes, mas não lidam bem com números. O foco está sempre na venda e no operacional.

Então, o que aconselho é que é muito melhor perder um tempo na busca destes dois quesitos básicos para boa gestão financeira de sua empresa (Registro/Controle e Planejamento/Projeção de saldos de Receita e Despesa). Se conseguirem implantar esta rotina, rapidamente terão como mensurar diversos indicadores de desempenho: Visão por cliente, produto e Unidade de Negócio. Controlar e gerenciar suas metas de vendas, cortar custos, redimensionar equipes, etc. E algumas vezes, apenas com uma planilha de Excel.

Cuidem bem da área financeira de suas empresas! E fiquem de olho! Em breve, podemos te dar novas dicas! 😉

Por Clodoaldo Freitas da Valor Criativo (Guest Post).